domingo, 25 de outubro de 2009

A eloquência do ódio - Manuel Bulcão

Título: A eloquência do ódio: reflexões sobre o racismo e outras alofobias.
Autor: Manuel Soares Bulcão Neto
Ano: 2009
Editora: LivroPronto
Páginas: 274
Preço: R$ 29,90
Revisão: Ivanice Montezeuma
ISBN: 978-85-7869-098-4

Orelha do livro:
"Há uma charge antiga do Millôr Fernandes em que um homem comum observa atentamente uma obra de arte de vanguarda, totalmente abstrata. Surpreso e confuso, pergunta ao autor, que se encontra ao lado: 'O que isso significa?'. O artista, sobranceiro, responde ao curioso com uma pergunta retórica: 'E o que você significa?'.

Pois bem, quanto mais me informo sobre o Holocausto ou sobre os crimes de Stalin, mais me sinto como esse observador simplório da arte vanguardista. Na verdade, sinto-me pior: a terrível sensação de irrealidade, o sentimento de não-sentido, a atmosfera rarefeita de pesadelo que envolve esses acontecimentos me faz respirar com dificuldade e até nausear. Quanto à pergunta que não quer calar - 'qual a razão de tudo isso?' -, as muitas vozes dissonantes que tentam responder terminam se fundindo num único ruído. Percebo, nesse rumor, um tom de gargalhada. Será o riso sobranceiro do Demônio?

(...)

Este ensaio é sobre o ódio ao diferente, ao Outro, cujo reverso é a paixão narcísica pelo mesmo e pela indiferenciação monolítica. Esses sentimentos são corriqueiros, porém, no contexto dos dois principais sistemas totalitários do século XX (o nazifascismo e o coletivismo stalinista), exacerbaram-se tanto que produziram delírios e alucinações. Por considerar o Holocausto a manifestação mais irracional desse ódio, escolho, como fio condutor do trabalho, o racismo, que está na sua origem.

Visto que o racismo é um narcisismo coletivo, representado, por isso, uma contratendência do processo histórico de individualização do homem, começo com uma análise da relação entre indivíduo e sociedade (grupo social). Depois, comento sobre as manifestações desse fenômeno social nas várias fases da História (inclusive nos pré-históricos paleolítico superior e neolítico) - aviso que não pouco digressões em que trato de outras 'alofobias' - e de como foi justificado pelas ideologias de cada uma dessas épocas, inclusive pelo cristianismo e pela ciência (esta última não é só conhecimento objetivo: na sociedade contemporânea, como bem demonstrou Jürgen Habermas, também desempenha função ideológica, de legitimação social, principalmente quando degenerada sob a forma de cientificismo).

Nos dois últimos capítulos, falo sobre a apoteose desse grande ódio que se deu na primeira metade do século passado; do horror que até hoje ela nos inspira; da irracionalidade da política nos regimes de ditadura pessoal (principalmente da 'política como biologia aplicada', lema que Haeckel foi o primeiro a defender), da loucura do Poder - 'e do riso do Demônio'.

Manuel Soares Bulcão Neto nasceu em 1963 na cidade de Fortaleza. Em 1988 bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Ensaísta e escritor, publica artigos no site Observatório da Imprensa. Tem se dedicado a estudos críticos sobre questões filosóficas fundamentais do mundo contemporâneo, sobretudo no que tange às implicações sociopolíticas dos avanços atuais da ciência. Além deste A Eloquência do Ódio, é autor de outros dois livros: As Esquisitices do Óbvio (2005) e Sombras do Iluminismo (2006)."

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